O negro na mídia.

O NEGRO NA MÍDIA


O Brasil é um país famoso por sua diversidade racial, porém essa diversidade não tem sido mostrada na televisão, porque ainda vivemos numa sociedade em que se valoriza a matriz européia de pensamento e comportamento, se analisássemos somente o que a mídia brasileira nos mostra imaginaríamos um país cuja população se assemelha etnicamente as civilizações européias.
A raça negra não vem sendo representada de maneira digna na TV: ou quando é representada, acaba sendo de maneira estereotipada. Em pleno século XXI ainda nos deparamos com a matriz do colonizador europeu.
Quando valorizamos apenas um segmento étnico e racial nos meios de comunicação, desperdiçamos a chance de compreender e admirar as outras contribuições trazidas pelos africanos.
Da mesma forma que acontece nas novelas, nos comerciais de TV é destinado ao negro na maior parte das vezes o papel de coadjuvante, de preferência, personagem que não tenha muita importância na história. Nos últimos anos essa realidade vem mudando em marcha lenta, mas ainda está longe de chegar ao ideal.

Atualmente somente astros negros da teledramaturgia brasileira como Lázaro Ramos, Taís Araújo e Camila Pitanga ou personalidades do esporte como Pelé, Ronaldinho Gaúcho e Daiane dos Santos tem ocupado espaço no mercado publicitário. Um ator negro que nunca tenha pisado na Rede Globo, dificilmente será convidado a gravar um comercial de TV.
A mídia nada mais é do que o reflexo da nossa sociedade, o nosso país não pratica a diversidade, e as instituições, como a escola, a igreja ou os meios de comunicação, cometem este racismo institucionalizado por privilegiar um determinado tipo étnico e um padrão de beleza.
Estamos cansados de vermos personagens negros com baixo prestígio social ou como maltrapilho, vagabundo, sem perspectiva. Em vários momentos da teledramaturgia e em outras produções da TV brasileira, há uma carga muito grande de estereótipos e preconceitos. Existe uma ação deliberada para além de sub-representar, colocar os negros e negros em patamar de desigualdade, de inferioridade. E isso é prejudicial para quem assiste. Para o jovem negro ou para a criança que está formando sua identidade isso é extremamente nocivo, pois exerce forte influência na forma de viver e de se relacionar com o mundo.
Por isso, devemos combater o racismo nos meios de comunicação, precisamos de políticas públicas que ofereçam a possibilidade de democratização da mídia e do conhecimento, nos últimos anos conquistamos significativos avanços como a criação da (Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR), ações do MEC na implantação da Lei 10.639 (que institui o ensino sistemático de história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica), o Pro Uni que possibilita à inserção de jovens carentes no ensino superior, medidas essas que visam combater essa conduta infeliz, pois é o Brasil quem perde por não conhecer sua real identidade.
Precisamos discutir a cultura negra profundamente, por muito tempo aprendemos na escola que o negro foi passivo no processo de colonização e escravidão no país. Chegou o momento de mostrarmos a participação do negro em diversos segmentos da nossa sociedade como a música, dança, culinária, artes, esportes, ciências, política, medicina, engenharia, tecnologia, etc.
Existe certo mal-estar no campo da ciência em admitir o fato de que o ser humano e seus antepassados se originaram na África. Sabe-se hoje que a humanidade teve seu início neste continente; portanto, foi aí onde às grandes transformações - que geraram o ser humano atual - se fizeram pela primeira vez. Do mesmo modo, as principais descobertas tecnológicas realizadas nos princípios da humanidade são originárias da África - fogo, instrumentos de matérias variados tais como pedras, ossos, madeiras, etc. - descobertas e invenções que possibilitaram a expansão dessa espécie pelo planeta e garantiram sua sobrevivência, apesar das dificuldades do meio físico e das ameaças de outras espécies; portanto, foi na África que o ser humano se transformou em um ser que fabrica ferramentas (tecnologia) e se diferenciou consideravelmente das demais espécies.
A África esteve na vanguarda do desenvolvimento da humanidade não só no seu início como também durante um longo tempo do período chamado de civilização (época a qual até hoje vivemos); portanto, foi também nesta parte do planeta que surgiu o que chamamos a primeira civilização humana: o Egito Antigo. Essa civilização foi apresentada ao mundo por arqueólogos europeus como sendo um povo de "raça" branca. Hoje, historiadores africanos já demonstraram que se tratou de uma civilização de povos negros; na verdade, fora constituída de uma mestiçagem de vários povos africanos existentes ao sul e norte do vale do rio Nilo. As grandiosas realizações desta sociedade são por demais divulgadas em meios de comunicações de vários matizes.
Essas verdades precisam ser ditas, e para que isso ocorra precisamos de mais negros jornalistas, repórteres, atores, atrizes, políticos, apresentadores ocupando o seu merecido espaço na mídia brasileira.
Chegou o momento de exercemos o nosso direito à comunicação e para isso necessitamos de veículos de comunicação feitos por negros, por afros descendentes, que exista uma mídia negra efetivamente no Brasil. Esta mídia vai ter nosso ponto de vista sobre temas atuais do nosso cotidiano.
Somente com a democratização da comunicação poderemos apresentar os fatos com veracidade, e libertar o Brasil da ignorância. É preciso conhecer quem somos e de onde viemos para conquistar a nossa Canaã – (terra prometida por Deus ao povo de Israel).

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