Genocídios e a disputa pelo petróleo Africano.

Crise em Darfur
QUAL O INTERESSE POR TRÁS DA CAMPANHA CONTRA O GENOCÍDIO EM DARFUR?
 
Sob a desculpa de que é preciso derrubar mais um governo anti-democrático e de orientação islâmica extremista, os EUA fomentam uma guerra civil interminável para tentar se apoderar do petróleo sudanês.
 
O INÍCIO DO CONFLITO
O conflito em Darfur começou em meados de 2003 e estima-se que mais de 300 mil pessoas tenham sido mortas, além de mais de dois milhões terem abandonado suas casas. Quem mata e expulsa estas pessoas? Quem paga por estas mortes?
O mais informado poderia dizer sem dúvida que os responsáveis por esta matança são as milícias pró-governo, como os janjaweed, que praticam todo o tipo de atrocidades contra a população que vive em Darfur. Porém, por trás destes grupos estão aqueles que mais falam em direitos humanos para tentar convencer todo mundo de que é preciso derrubar mais um governo anti-democrático e extremista islâmico.
Se a verdade vir à tona, é fácil entender os motivos do genocídio: Petróleo. A compreensão se torna ainda mais clara se atentarmos ao fato de que o Sudão está localizado bem em cima de um oceano de petróleo. Quem está mais interessado por todo esse petróleo? Os EUA e suas companhias.
Darfur é uma província semi-árida, no Oeste do Sudão, maior país do continente africano.
O País é dividido etnicamente por uma maioria árabe, mas em Darfur a maioria da população é negra, de origem centro-africana. Disputas territoriais pelo controle dos recursos naturais, como o petróleo, e de terras, envolvendo nômades e fazendeiros, estão na origem do conflito.
No decorrer da guerra, dois grupos que se opõem ao governo se uniram e formaram o Fronte de Redenção Nacional, liderado pelo ex-governador de Darfur, Ahmed Diraige. A partir de 2003 milícias criadas pelo governo passaram a reprimir os grupos de oposição escondidos em Darfur, mas esta repressão veio sob a forma de uma campanha de extermínio étnico na região.
A estimativa mais aproximada de mortes até hoje chega a cerca de 300 mil, mas devido à inacessibilidade de organismos chegarem até os locais, é impossível saber o número exato de vítimas e refugiados.
Somente em 2006, depois de famílias inteiras serem dizimadas, mulheres sendo estupradas e jovens mutilados, um tratado de paz foi assinado com a mediação da União Africana.
O governo sudanês apoiou oficialmente o acordo, mas somente uma facção aliada assinou o tratado. Ficara estabelecido que o governo desarmaria os janjaweed, mas nunca nada foi feito. Mais à frente descobriremos por quê.

ANTES DO INÍCIO DO CONFLITO
Com o apoio dos seus títeres em outros países africanos, os EUA treinaram e financiaram vários grupos de oposição ao governo sudanês, como o Exército de Libertação Popular do Sudão (SPLA), liderado pelo já morto John Garang. Este recebeu em rígido treinamento militar na escola das Forças Especiais dos EUA em Fort Benning, Georgia.
Além deste grupo há também o Movimento Justiça pela Igualdade (JEM).
Tal como fez durante muitas décadas na América Latina - e certamente ainda faz hoje - os EUA treinaram e treinam militares africanos em suas bases através do Programa Internacional de Educação Militar e Treinamento (IMET), onde estão "alunos" vindos do Chade, Etiópia, Eritréia, Camarões e da República Centro-Africana, todos vizinhos do Sudão.
Os EUA querem voltar a ter o controle total sobre as jazidas africanas. As grandes companhias norte-americanas já tiveram acesso ao petróleo do Sudão quando em 1979, Jafaar Nimeiry, presidente Sudão entre 1971 e 1985, rompeu com a política da União Soviética e deu a concessão para a Chevron.
Naquela época havia um embaixador norte-americano da ONU que viria a se tornar presidente dos EUA: George H. W. Bush, pai do ex presidente George Bush. Ele havia informado pessoalmente ao presidente sudanês sobre fotos tirados por satélites que indicavam a presença de muito petróleo no Sudão, na região de Darfur.
Começava então a chamada Segunda Guerra civil do Sudão, em 1983. Foram tantos atentados e assassinatos que a Chevron foi praticamente expulsa pelas milícias em 1984, até que em 1992 vendeu sua concessão, dando oportunidade para a China tentar a sorte. Desde 1999 a China explora as concessões petrolíferas que eram da Chevron.

O OURO NEGRO DO CONTINENTE NEGRO
A África está no centro dos interesses do imperialismo em todos os sentidos. Politicamente, economicamente e militarmente o continente negro é controlado pelo imperialismo norte-americano e europeu, na qual se apoderam de todos os recursos naturais, além de ser uma importante base na sua campanha de "guerra ao terrorismo".
Na verdade, o suposto combate ao terrorismo esconde uma guerra suja pelo petróleo africano, assim como a ocupação do Iraque e as atuais ameaças ao Irã.
Até 2015, os EUA querem que 75% de sua importação petrolífera venha diretamente da África, uma alternativa ao petróleo vindo da América Latina e Oriente Médio, as duas regiões mais instáveis do mundo.
A recente descoberta de petróleo no Chade, também palco de graves distúrbios, incluindo uma tentativa de golpe de Estado em 2008, reforçou o interesse do imperialismo por novas perfurações. Só o Chade possui uma reserva de 1,5 bilhão de barris de petróleo.
Em Darfur, se seguirmos a linha da crise também chegaremos ao petróleo. O Sudão é disputado por várias forças que querem se apropriar dos seus recursos naturais.
A força destes grupos e sua capacidade de destruição vêm do dinheiro enviado pelo imperialismo, principalmente pelos EUA, maior interessado no ouro negro.
A missão formada pela ONU e pela União Africana é apenas um biombo que esconde uma ocupação militar em favor dos interesses do imperialismo. Estes interesses não incluem apenas o petróleo, mas também a venda de armas, muitas armas.
Um estudo elaborado pela Organização Não-Governamental Oxfam International mostrou que apenas o custo das guerras na África supera todo o dinheiro destinado ao desenvolvimento do continente.
O custo das guerras na África entre 1990 e 2005 foi de US$ 284 bilhões, o equivalente a toda a ajuda destinada ao desenvolvimento do continente no mesmo período.
Esta ajuda não inclui apenas doações, mas também empréstimos dos países imperialistas aos países africanos. Estes números contabilizam apenas a venda de armas no mercado legal, pois clandestinamente os investimentos são muito maiores.
Em 15 anos, pelo menos 23 conflitos produzidos pelo imperialismo foram suficientes para reduzir em 15% o PIB (Produto Interno Bruto) africano por ano, isto é, US$ 18 bilhões por ano.
Os principais países que financiam este fiel retrato do capitalismo são os EUA, Reino Unido, Rússia, Alemanha e China. Só os EUA venderam aos países africanos mais de 10 bilhões de euros e é o maior exportador de armas para a África, seguindo da Rússia (quatro bilhões) e Reino Unido (2,3 bilhões). Toda esta quantia não leva em consideração as armas que entram no continente através de contrabando.

NO PÁREO PELO PETRÓLEO AFRICANO
A companhia petrolífera chinesa CNPC (China National Petroleum Corporation) é atualmente a maior investidora estrangeira no Sudão, com mais de US$ 5 bilhões investidos nos campos petrolíferos do País. De 1999 para cá, por exemplo, a China investiu cerca de US$ 15 bilhões.
Não por acaso são donos de 50% da maior refinaria do Sudão, localizada perto da capital em parceria com o governo. A CNPC construiu um oleoduto que começa nos blocos de concessão até um porto no Mar Vermelho, de onde o petróleo é carregado por navios tanques até a China.
O Sudão produz por dia 500 mil barris de petróleo por dia, dos quais entre 65% e 80% pertencem à China.
Os campos petrolíferos estão concentrados justamente na região do conflito. Portanto, quando é difícil e confuso de entender a origem e o motivo de tantas guerras no Oriente Médio e, neste caso, em Darfur, pense no petróleo e chegará facilmente à resposta.
As disputas em Darfur começaram a partir do momento em que os EUA passaram a financiar milícia contra o governo para incentivar as disputas étnicas, a divisão do País e, dessa forma, justificar uma ocupação militar. Ou seja, uma verdadeira ameaça à hegemonia chinesa.
Há entre a região entre o Sudão e o Chade - exatamente em Darfur - uma intrínseca disputa pelo petróleo, onde a China é a detentora e os EUA querem se apossar. Não por acaso a crise em Darfur começou no mesmo ano em que o Iraque foi invadido. Trata-se da sede insaciável do imperialismo norte-americano por petróleo.
Se por um lado os EUA se apóiam na força militar e guerra suja, por outro, patrocinam uma campanha de propaganda de massas sobre a questão de Darfur. São eles os maiores interessados em denunciar o genocídio na região.
É curioso destacar que na época do genocídio em Ruanda, onde algo em torno de 500 mil a 1 milhão de pessoas tenham sido mortas em alguns meses de 1994, os EUA recusavam-se em reconhecer que se tratava de um genocídio, pois estavam em posição desfavorável. Agora que necessitam de novos poços petrolíferos, querem derrubar o governo do Sudão e botar no lugar um títere.
A França também está prestando seus serviços no Chade, país vizinho ao Sudão, onde o poder na ex-colônia francesa vive permanentemente ameaçado por milícias financiadas diretamente por Nicolas Sarkozy.
É por isso que o governo sudanês sempre recusou a presença das supostas "tropas de paz", pois sabe que permitir isso é o mesmo que concordar com a sua deposição.

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